domingo, 11 de março de 2012

Olhos de ressaca

Você frustra as minhas previsões. Só por isso ainda insisto.
Estagno na dúvida de quem você realmente é e sou obrigada a pisar no freio, parar e ficar em estado de observância, esperando algum gesto que me dê margem para mais um palpite. É feito um jogo: interessante, angustiante e eu por um acaso gostei disso.
Não te vejo com dezenas de máscaras, mas com uma única, impenetrável, arredia, lacônica e que parece estar atarracada no seu rosto como um sinal relutante de insegurança. Só que máscaras e artifícios também são sinais de inteligência. E inteligência, garoto, me mobiliza.
Sob a luz da perspectiva de um novo sentimento, me assusto, tento me rebelar, fugir, mas sempre volto movida por uma curiosidade cretina e sem tréguas. Constato, entretanto, que estou cansada demais para análises e me proponho a abrir mão do mistério, mas você, num gesto calculado de gentileza, impede a minha desistência ao recolher cuidadosamente os cacos da minha motivação do chão. Fui eu quem caí na vala profunda das suas incógnitas, ou foi você que se viciou na minha companhia para desvendá-las?


2 comentários:

  1. se te vejo, paro, penso
    viro lenço fino no teu rosto
    e se me vens como imagem
    tinta, tela, afã da miragem
    um véu de poeira avança
    dançam teus olhos sobre os meus.

    Se não fossem tuas palavras...
    Beijo!

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  2. Nossa!!! Bluma vc escreve por demais bem, estou encantada! Mas pelo que andei lendo não sou apenas eu, o Sr. Borges deve ser seu fã nº 1, então eu serei a 2ª. Espero ler mais escritos seus.
    Beijos

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