Entre tantas aspirações, o que não tenho - ou
não me empenho em ter - em demasia, são pessoas. Pois é. Em se tratando de
pessoas, o quadro muda. Não sei dizer, acho que prefiro os pássaros com os seus
cantos de alegria ou lamento. Ou os cães, com a sua fidelidade dócil e calada,
ou mesmo os peixes com a sua beleza colorida e estática. Sim, porque as
pessoas falam tanto! E não são todas as vozes que os meus ouvidos se afinam.
Mas também quando se afinam... É pra valer. E geralmente dura para sempre esse
feedback de voz e ouvido; que depois vai virando voz e violão, depois a voz que
fala é a minha e o ouvido é o da pessoa, depois são duas vozes e vinho, duas
vozes no bar, duas vozes no teatro, duas vozes discutindo besteiras...
E daí a pessoa já entrou pra minha vida. Mas a culpa é do danado do meu ouvido,
que é exigente. Por isso tenho poucos, mas bons e duradouros amigos.
Escrevo aqui e alhures. Mas aqui é meu canto predileto, cativo, aberto,
ao ar livre e por algum motivo, sinto necessidade de jogar neste ar as minhas
palavras, a minha vida. "Quero
te contar tudo o que eu vivi e tudo o que eu aconteceu comigo..." Ô, grande Belchior! É só
isso. Só isso que quero, que preciso. Transcrever a minha essência me faz tão
bem, assim, sem comprometimento com a coerência ou com frases perfeitas. Com
público visível ou invisível. Por prazer ou simplesmente por
alívio. Que assim seja, então!
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