Eu hoje tive um sonho e levantei atenta, não sei se a tempo.
Garganta seca, marcas de unhas cravadas na palma da mão, coração acelerado e miúdo, miudinho.
A vontade de retornar aos lençóis me arrastava pelos cabelos e a sensação de desnorteio: “Será que foi real?” em mim, instalou-se.
Mais previsível não poderia ser, quando olhando pelas frestas da cortina enxerguei apenas uma confusão cinza. Chovia! Chovia muito e pela primeira vez, me vi desejando o som dos gritos finos e satisfeitos das crianças brincando no parque, da britadeira incômoda de uma eterna reforma na casa ao lado e dos carros buzinando pelo imediatismo de todo o dia. É isso. Queria algum barulho atroador mesmo; pra me tirar o sufoco dum silêncio duvidoso e indecifrável. Queria um punhado de sol e luz. Queria era tomar um porre de realidade.
Mas a vida tava arisca, não queria urgir não. Amanheceu fria, impessoal, com tudo fora do ar. - Eu estava fora do ar. - Com o peito congelado por um temor medonho e estremecido por uma vontade voraz.
Apenas os pedaços do que vi dormindo, foi que passaram feito clarão na mente. Me fazendo doer uma saudade sóbria e latente, de um tempo que apesar de presente, - sapateando o meu capricho - não podia ser agora. Não podia ser urgente.
Eu gosto de dias frios e chuvosos (independente do meu estado de espírito).
ResponderExcluirLindo o modo como escolheu as palavras para descrever cada sensação e paisagem. (será que senti uns toques de Clarice aqui e ali? ^^)
Reparei que o blog é um tanto recente... Bem vinda! Terei a honra de ser um dos primeiros seguidores. ;*
Mais um deleite...por favor! rs
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