– Você é louca. Você é completamente louca, sabia?
Disse você, divertindo-se, recostado nos milhões de travesseiros desnecessários da
sua cama e comigo aninhada no seu peito, relembrando algumas de nossas brigas
e desditas.
Eu adoro esses momentos em que zombamos de nós mesmos. Não
que goste menos dos outros, não é isso. É que eu tenho um carinho especial
pelas suas horas de descontração, já que é quando os nossos risos vêem
fáceis e desinibidos, os nossos abismos emocionais tornam-se
contraditoriamente rasos e onde as palavras exasperadas perdem qualquer
atestado de importância, de relevância sob a gente. Numa declaração ingênua, talvez fosse como se elas realmente nunca tivessem existido. Ou viessem a existir.
Não há mais os seus defeitos, alvo dos meus desaforos. E nem
os meus desaforos, alvo das suas retaliações. É o tempo onde estamos seguros, protegidos pelo (des)compromisso,
pela falta de seriedade – despreocupados - todo dissabor se faz doce. E todo revés vira graça.
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