sábado, 27 de agosto de 2011

Sem si.

- Quero ficar sozinha.
As palavras saíram de sua boca sem que ela percebesse que haviam sido pronunciadas. Ouví-las, ressoava como uma incongruência, medida pelo estado de solidão ocasional que a ocupava no momento.
Não havia realmente ninguém ali. Nenhum vestígio, barulho ou qualquer coisa que pudesse indicar alguma outra respiração dividindo o ar daquele metro quadrado. Nada. Nem ainda os risos da criança, peralta, espalhando-se quase ao mesmo tempo entre todos os cômodos da casa, como se por capricho, brincasse de possuir uma onipresença traquina. Feito assim, também nada dele. Amarrotando o lençol da cama, com o notebook apoiado nas pernas e lançando-a um sorriso com os olhos, por cima da tela e dos óculos grau 0,25.
Ela adorava curtir a ausência de movimento... mas querer estar só nem sempre é sinônimo de precisá-la. Necessidade de abster-se, também é o mesmo que pedir para se esvaziar um pouco; esvair-se dos tantos pensamentos e preocupações que assolam todo o dia.
Querer estar só, às vezes, nada mais é do que querer estar perto de tudo e longe de ninguém, senão, de si.

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