sábado, 26 de novembro de 2011

Insone.

Pra que esta expressão de quem há muito passou da validade? 
Pra que esses olhos pesados, esses lábios apertados, contidos, contendo toda a verdade a qual desumanamente se esforça para não deixar escapar? Por que insistes em colecionar acúmulos, se nem mais espaço lhe sobra para respirar? Não, não me envolva! Não me domine com este ar proscrito, estes ombros descaídos, esta pose de vítima. Sim! Alegas seres vítima... Sendo assim, pergunto-lhe: e quem não é, mais dia menos dia, meio debochado e debochador desta vida? Ora, erga-te, homem! Que eu já ando duvidosa da minha força para elevar um espírito tão cabisbaixo. Não vê que tu, somente tu, é quem pode resplandecer no espelho da tua alma? Empresto-te o meu amor, a minha ternura e se não fores este o fogo que aquece um pouquinho a tua felicidade, que a mantém em ponto de vapor alegre, então que água é esta - morna, senão fria - que resta de mim? De nós? Diz-me! O que restará das minhas serpentinas, com o teu reles carnaval?
Perdoa a minha rispidez diante da tua tristeza, perdoa esta ignorância quase absurda com a tua vulnerabilidade... Mas não entendes? Quero-te escandalizar a dor porque se baixinho já não lutas, encontrei no grito a forma de fazer-te reativo e forte... Nada mais senão um apelo egoísta talvez, para torna-lhes novamente edifício, lar, refúgio meu.