quarta-feira, 22 de junho de 2011

E o São João mesmo, cadê?

Já nem sei se consigo distinguir as pessoas, umas das outras, nesta época do ano. Todos parecem fazer parte duma enorme safra de bonecos vivos da mesma coleção. - Giram em torno da mesma expectativa, juntam dinheiro para o mesmo fim, falam sobre o mesmo assunto e interagem sobre idem.
A verdade é que eu não vejo mal. Mas também não vejo graça. 
Não consigo me entreter com a proposta dessas atuais micaretas maquiadas de festa junina. E ainda perco-me na dúvida se isso, de inventarem carnaval a cada oportunidade, é só alegria em excesso ou pura falta de criatividade. 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Reservas.

Estou desarmada. Calma, desmascarada e de alma limpa.
Acordei, abracei a minha falta do que fazer, enxaguei bastante os olhos para dar um tapa na cara do sono e permaneci em casa: de robe vermelho e totalmente rendida ao tédio.
No momento, limito-me em achar explicações para mim mesma e não para o mundo, já que ironicamente carrego a complexidade do próprio nas costas. E se agora eu fico quieta, pareço absorta, então deixe-me quieta. Estou apenas observando, matutando, constatando.
Meu dedo que agora bate no teclado, insiste em ser tagarela, mas note: minha voz está muda. Estou poupando-a, porque acredite... quando eu resolver gritar, poderá ser ensurdecedor.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Basta a cada dia, o seu mal.

Gostaria de pedir uma trégua de todas as nossas dúvidas hoje. 
Já bastam de especulações e prognósticos. Aliás, eu ando tão ressaqueada disto, que não quero e nem vou entornar goela abaixo as tuas suposições – saiba. Elas só fazem com que a gente se enterre nas análises imbecis de nossas vidas. E a vida, puxa! A vida é plural.
Prefiro realmente me apropriar da consciência de tudo o que vivi, de tudo o que vivemos até hoje e não, ser covardemente apunhalada pela incerteza do que não aconteceu. Ou do que poderia ter acontecido caso “se”. O “se” é inútil, inerte, morreu antes de nascer. 
Não nos assombremos mais com este fantasma chamado 'hipótese', quando o que temos em vida são fatos. E fatos absolutamente lindos.
O passado antes tão conturbado, acabou por virar o maior aliado de nossos risos e o futuro, este parece ter me deserdado no momento. Dessa maneira, só o que me restará esta noite, será um grande conjunto de “agoras”. E veja: essa falta de perspectiva não me aflige, não faz com que eu me sinta ao relento. Pelo contrário: sinto-me devidamente aquecida com calor da nossa reciprocidade e por ela, nutro uma fé imensa.
Sei que hoje teremos de um tudo, porque o que temos - estou certa - é exatamente do que precisamos. 


(12.06.2011)

sábado, 4 de junho de 2011

À flor da pele.

Me quero viva, se quer saber. Me quero consciente e absurdamente sã.
Não estou interessada em transcender a mente através de artifícios. 
Não quero paraíso de beira de estrada, portanto.
Quero sim, toda a minha lucidez de plantão, me transformando num animal atento e selvagem. Dispor da visão da águia, das garras e da astúcia felina; andar pela noite, pular muros e cair de pé.
Só me aceito desta forma: captando, decodificando tudo. Cheia de instintos e percepções. - Isso pra mim é que é intensidade.
Quero toda a minha sanidade a pino, pra que eu mesma possa entrelaçar as teias da minha loucura. - Isso pra mim é que é liberdade.
Não dependo de pilotar um carro a mil por hora para me sentir pulsando. Tampouco, colocar os “bofes” pra fora, para acharem que estou vivendo.
Minha intensidade anda por caminhos tortuosos, faz carnaval nas minhas entranhas e povoa as questões existenciais. Posso (e me sinto) no ápice ao ler um bom livro, quando danço até dilacerar os demônios, ou quando caio de peito aberto em busca de um bom mergulho na alma. Não somente na minha! Pode ser que seja na sua, na dele, na de quem me mobilizar. Naquela a qual se tenham águas tentadoras... Turbulenta ou serena, não importa. Quero águas profundas, rios, que saciem a minha garganta seca e avessa a superfícies.
Há quem duvide do meu frenesi diante da vida. Sim, há. Contudo, eu sigo com minha bagagem invisível carregada de ímpetos, e preferindo absorver e destilar o mundo ao invés de deixar que ele me absorva. E me destile.