Me quero viva,
se quer saber. Me quero consciente e absurdamente sã.
Não estou
interessada em transcender a mente através de artifícios.
Não quero
paraíso de beira de estrada, portanto.
Quero sim,
toda a minha lucidez de plantão, me transformando num animal atento e selvagem.
Dispor da visão da águia, das garras e da astúcia felina; andar pela noite,
pular muros e cair de pé.
Só me aceito
desta forma: captando, decodificando tudo. Cheia de instintos e
percepções. - Isso pra mim é que é intensidade.
Quero toda a
minha sanidade a pino, pra que eu mesma possa entrelaçar as teias da minha
loucura. - Isso pra mim é que é liberdade.
Não dependo de
pilotar um carro a mil por hora para me sentir pulsando. Tampouco, colocar os
“bofes” pra fora, para acharem que estou vivendo.
Minha
intensidade anda por caminhos tortuosos, faz carnaval nas minhas entranhas e
povoa as questões existenciais. Posso (e me sinto) no ápice ao ler um bom
livro, quando danço até dilacerar os demônios, ou quando caio de peito aberto
em busca de um bom mergulho na alma. Não somente na
minha! Pode ser que seja na sua, na dele, na de quem me mobilizar. Naquela a
qual se tenham águas tentadoras... Turbulenta ou serena, não importa. Quero
águas profundas, rios, que saciem a minha garganta seca e avessa a superfícies.
Há
quem duvide do meu frenesi diante da vida. Sim, há. Contudo, eu sigo com minha bagagem invisível carregada de ímpetos, e preferindo
absorver e destilar o mundo ao invés de deixar que ele me absorva. E me destile.